Cavaco apela à estabilidade no adeus às Forças Armadas
17.02.2016 às 12h51
“O país e os portugueses não compreenderiam a existência de umas Forças Armadas sem a prontidão e o nível de resposta adequados para o cumprimento das missões”, palavras do Presidente da República no discurso de despedida, esta manhã em Lisboa
No derradeiro discurso às Forças Armadas, esta manhã em Lisboa, Cavaco Silva dirigiu-se sobretudo a quem fica. Desde logo ao ministro da Defesa Nacional, presente na cerimónia celebrada no Instituto Universitário Militar, defendendo que “há que assegurar a estabilidade legislativa e os recursos necessários para que possa ser avaliada a adequação [da recente reforma lançada pelo Governo PSD/CDS, conhecida como Defesa 2020] aos objetivos propostos”.
Recorde-se que na sua primeira audição na Comissão de Defesa Nacional, no Parlamento, o ministro Azeredo Lopes garantiu, sobre estas reformas, ser sua intenção alterar apenas o que tiver de ser alterado e manter o que tiver de ser mantido, ainda que não se tenha comprometido com nenhum diploma em concreto.
A propósito destes processos de reforma, o Presidente da República diz ter estabelecido sempre duas prioridades: “As pessoas, o recurso mais valioso sobre as quais se deve centrar a ação de comando, não esquecendo as que, já afastadas das fileiras, se encontram numa situação mais fragilizada; e, em paralelo, a capacidade operacional, requisito essencial à aplicação do vetor militar”.
“O país e os portugueses não compreenderiam a existência de umas Forças Armadas sem a prontidão e o nível de resposta adequados para o cumprimento das missões”, afirmou ainda Cavaco Silva.
Os cerca de 600 militares presentes na cerimónia - muitos dos quais alunos das três academias militares, das escolas de sargentos -, ouviram também o chefe de Estado lembrar que são eles “a última reserva da soberania e o pilar estruturante da afirmação da identidade nacional”, e que devem “ser objeto de uma cultura de compromisso e consenso institucional entre as Forças Armadas e os diferentes órgãos de soberania”. Cavaco sublinou ainda o "caráter eminentemente nacional e suprapartidário" das Forças Armadas.
Na reta final do seu breve discurso de despedida, o comandante supremo garantiu ainda que "mesmo num quadro de complexa situação social e financeira, [as Forças Armadas] continuam a cumprir exemplarmente as suas missões no plano interno e externo, com competência e dedicação, revelando elevados padrões de desempenho e colocando sempre em primeiro lugar os interesses do país e dos portugueses".