Pires de Lima defende acordo PS/PSD/CDS para estabilizar impostos sobre empresas
18.11.2017 às 9h30
Em entrevista à edição deste sábado do Expresso, o ex-ministro da Economia propõe pacto a três, a juntar aos consensos que António Costa propôs sobre fundos europeus e infraestruturas
Na primeira grande entrevista que dá desde que saiu do Governo, António Pires de Lima defende as vantagens de um acordo alargado para dar "previsibilidade" à carga fiscal que pesa sobre as empresas. Criticando as permanentes alterações que têm sido introduzidas nos impostos sobre as empresas - no IRC, mas não só -, Pires de Lima lamenta esta instabilidade, que afasta potenciais investidores, e considera que o sucessivo agravamento de impostos e taxas é o contrário do que Portugal precisa para conquistar investimento direto estrangeiro.
"Em vez de se estar a fazer uma trajetória de redução da carga fiscal das empresas está-se a aumentar essa carga fiscal", nota o antigo ministro da Economia, elencando as alterações desgarradas que já foram introduzidas pelo atual Executivo - desde a suspensão da redução prevista para o IRC, em 2015, até o aumento da derrama do IRC para empresas com lucros mais altos. A consequência, diz, é tornar o país menos confiável para os investidores.
Contra esta "volatilidade", o ex-dirigente do CDS propõe "uma conjugação de esforços entre os partidos que apoiam esta solução governativa, nomeadamente o PS, e os partidos da oposição, para que Portugal [tenha] uma trajetória de destino previsível, se não até mais atrativo do ponto de vista fiscal, para o investimento." Um entendimento que considera tão necessário como os consensos que António Costa pediu em relação ao próximo quadro de fundos europeus e ao investimento em infraestruturas.
Na mesma entrevista, Pires de Lima faz alguns elogios a estes dois anos de governação da esquerda, critica algumas opções essenciais do Orçamento do Estado, e comenta o estado do CDS depois das eleições autárquicas.