Mais uma noite, mais uma ronda de debates presidenciais
02.01.2016 às 23h52

Maria de Belém e Edgar Neto antes do debate
Maria de Belém contra Edgar Silva, Sampaio da Nóvoa contra Henrique Neto e Paulo Morais contra Marisa Matias: o resumo dos debates de sábado à noite
Edgar Silva-Maria de Belém
O candidato presidencial Edgar Silva justificou a possibilidade de viabilizar o Orçamento Retificativo apresentado pelo PS com o "sentido de responsabilidade" de um chefe de Estado, posição que Maria de Belém Roseira considerou ser uma contradição.
"Enquanto Presidente da República não poderia pôr de parte, há um sentido de responsabilidade", admitiu Edgar Silva durante um debate na Sic Notícias com a também candidata às eleições de 24 de janeiro Maria de Belém Roseira.
Perante a insistência do jornalista Anselmo Crespo que moderava o debate para explicar a sua posição, já que o PCP - partido que o apoia - votou contra o Orçamento Retificativo, Edgar Silva repetiu apenas que apesar do "conjunto de discordâncias em tudo quanto se reporta ao processo Banif", enquanto chefe de Estado "não poderia de maneira nenhuma" descurar a possibilidade de viabilizar um documento com a importância do Orçamento Retificativo.
Sampaio da Nóvoa-Henrique Neto
O candidato presidencial António Sampaio da Nóvoa invocou a sua experiência como reitor da Universidade de Lisboa para responder ao adversário Henrique Neto, que o acusou de ter falta de sentido crítico e de ideias.
No frente a frente, na RTP1, o empresário e ex-deputado do PS Henrique Neto disse que o discurso de Sampaio da Nóvoa "dá para tudo", acusando o ex-reitor de proferir "afirmações que estão fora da realidade das pessoas".
"O país está cansado de académicos", sustentou Henrique Neto, criticando que Sampaio da Nóvoa, "sendo académico, tenha tão pouco sentido crítico em relação ao que o rodeia" e "tão poucas ideias, propostas concretas".
Em resposta, Sampaio da Nóvoa, professor universitário, apontou, dirigindo-se ao adversário: "Não o ouvi a dizer uma única palavra sobre as funções presidenciais".
O docente invocou a sua experiência de governação de uma instituição pública, que "subiu nos rankings", para defender a necessidade de Portugal ser um "país mais bem preparado, que aposta nas pessoas", na educação e na qualificação dos jovens.
Jovens que, lembrou Henrique Neto, apesar de mais qualificados, estão a emigrar, por falta de emprego no país.
Apesar da troca de acusações, os dois candidatos convergiram na crítica às medidas de austeridade dos governos de direita liderados por Pedro Passos Coelho.
Para Sampaio da Nóvoa, foram "políticas desastrosas", que "degradaram a educação e a qualidade da ciência". Henrique Neto manifestou "profundo desacordo" sobre a governação da coligação PSD/CDS-PP dos últimos quatro anos, que, advogou, fez "uma leitura da austeridade que prejudicou a classe média".
Crítico do "experimentalismo ideológico errado da troika", António Sampaio da Nóvoa considerou que Portugal deveria "ter tido a capacidade de negociar o programa de ajustamento" financeiro.
Paulo Morais-Marisa Matias
Paulo Morais avisou que demite o primeiro-ministro caso falhe as promessas eleitorais, mas a candidata Marisa Matias discordou por considerar que não basta um conflito político para dissolver o parlamento.
Num debate na TVI24, Marisa Matias e Paulo Morais estiveram de acordo em temas como o veto ao orçamento retificativo, aprovado pelo parlamento em dezembro por causa do problema do Banif, o combate à corrupção ou a rejeição de parcerias público-privadas.
A discórdia surgiu quando Paulo Morais reiterou que demite o primeiro-ministro - António Costa ou outro - caso as promessas eleitorais não sejam cumpridas, porque "ninguém tem direito de mentir aos eleitores".
Para o ex-vice-presidente da Câmara do Porto, "o voto não é a escolha de uma miss simpatia ou de um mister simpatia".
Marisa Matias contrapôs que "não basta um conflito político para demitir um Governo ou para dissolver uma Assembleia" da República.
A candidata apoiada pelo BE rejeitou que se viva "num clima de permanente instabilidade" e que os órgãos de soberania se atropelem, defendendo que não se pode "andar sempre com a bomba atómica [poder de dissolver o parlamento] na mão a achar que ela pode ser detonada a qualquer momento".