Esta é a foto da vida de José Maria Aznar
06.04.2017 às 11h11
Da esquerda para a direita: Durão Barroso, Tony Blair, George W. Bush e José Maria Aznar
Luís Barra
Catorze anos depois, o antigo primeiro-ministro espanhol afirma que voltaria a participar na Cimeira das Lajes, que abriu a porta à invasão do Iraque, onde, afinal, ninguém terá encontrado as armas de destruição maciça que serviram para justificar a operação militar
O antigo primeiro-ministro de Espanha José Maria Aznar, de 64 anos, classificou esta quarta-feira a fotografia de grupo tirada durante a cimeira das Lajes, que ditaria o início da guerra contra o regime iraquiano de Saddam Hussein, como a melhor foto da sua vida.
Em entrevista ao programa “Mi casa es la tuya” do canal Telecinco, do jornalista Bertín Osborne, o homem liderou o governo espanhol entre 1996 e 2004 diz que foi aos Açores defender os interesses do seu país e que voltaria a ir “cem mil vezes se o interesse nacional estivesse em causa”.
O apoio então manifestado à invasão do Iraque, muito criticado por diversos sectores da sociedade espanhola, continua a ser, 14 anos depois, motivo de orgulho para o antigo líder do Partido Popular, convicto de que permitiu reafirmar a presença do seu país no mundo.
Para além José Maria Aznar, participaram na Cimeira das Lajes, a 16 de março de 2003, os então primeiros-ministros britânico e português, Tony Blair e Durão Barroso, respetivamente,bem como o Presidente norte-americano, George W. Bush. Quatro dias depois, na madrugada de dia 20 de março de 2003, uma coligação internacional liderada pelos Estados Unidos, invadia militarmente o Iraque.
O conflito, onde se estima que terão morrido entre 151 mil a 600 mil iraquianos, permitiu derrubar e capturar Saddam Hussein, tendo sido julgado e condenado à pena capital.
Da reunião na ilha Terceira saiu um ultimato às Nações e a Saddam Hussein: ou a diplomacia funcionava ou a intervenção militar era inevitável. Na conferência de imprensa final da Cimeira das Lajes, George W. Bush afirmou: “Ou o Iraque se desarma ou é desarmado pela força”.
Bush referia-se à então tida como hipótese credível de o Iraque dispor de armas de destruição maciça, nomeadamente químicas, uma suspeita que, embora tivesse sido a principal justificação oficial para a intervenção militar externa no país, viria a revelar-se infundada e nunca suficientemente sustentada, como reconheceram anos depois, um a um, todos os protagonistas da Cimeira das Lajes.
Já depois do encontro, que levou centenas de jornalistas de todo o mundo à ilha Terceira, Durão Barroso disse que a Cimeira das Lajes tentou ser uma alternativa à guerra, uma última tentativa de se encontrar uma solução política e diplomática para a crise.
A cimeira decorreu numa altura em que o conflito armado no Iraque já era dado como praticamente inevitável. “Há poucas razões para esperar que Saddam se desarme”, reconhecia o Presidente norte-americano, na véspera do encontro das Lajes.