Governo colombiano e FARC anunciam novo acordo de paz
13.11.2016 às 1h41

Os negociadores do acordo de paz, Humberto de la Calle (Colombia) e Ivan Marquez (FARC), sábado, 12 de novembro, em Cuba
ENRIQUE DE LA OSA/REUTERS
Tratado anterior, que levou quatro anos a concluir, foi rejeitado pelos colombianos num referendo a 2 de outubro
O governo colombiano e a guerrilha das FARC anunciaram, no sábado, a conclusão de um novo tratado de paz, depois do anterior acordo ter sido rejeitado pelos colombianos num referendo em outubro.
"Em resposta ao clamor dos colombianos para concretizar o desejo de paz e reconciliação, concluímos um novo acordo de paz para pôr fim ao conflito armado que contém mudanças, precisões e contribuições de vários setores da sociedade" colombiana, anunciaram as duas partes, num comunicado comum divulgado na capital cubana, um dos países mediadores do processo, juntamente com a Noruega.
O novo documento foi assinado pelos líderes das delegações de negociadores do governo colombiano, Humberto de la Calle, e das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), "Iván Márquez" (como é conhecido Luciano Arango).
As duas delegações mantiveram nove dias de intensas negociações em Havana - sede das negociações de paz durante os últimos quatro anos - para alcançar um novo consenso para "conseguir uma paz estável e duradoura".
As modificações e novos elementos do novo documento podem ser consultados na página da internet www.mesadeconversaciones.com.co, embora o acordo completo ainda demore alguns dias a estar disponível.
Os negociadores convidam agora "toda a Colômbia e a comunidade internacional, sempre solidária na procura da reconciliação, para acompanhar e apoiar" o novo pacto "na sua pronta aplicação para deixar no passado a tragédia da guerra".
Horas antes do anúncio, o presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, convocou para uma "reunião urgente" o antigo chefe de Estado colombiano Álvaro Uribe, líder do Centro Democrático, que protagonizou a campanha do "não" no referendo ao acordo de paz.
Note-se que os antigos presidentes Andrés Pastrana (1998-2002) e Álvaro Uribe Vélez (2002-2010) são as vozes mais representativas do "não" e apresentaram, na semana passada, a Juan Manuel Santos um documento com 500 propostas de alterações, sobre as quais trabalharam as duas delegações de negociadores em Havana.
O governo colombiano e as FARC assinaram a 26 de setembro passado, em Cartagena de las Indias, um acordo de paz conseguido após cerca de quatro anos de negociações em Havana, Cuba, para terminar o conflito armado e a guerrilha mais antiga no continente americano.
No entanto, a maioria dos colombianos recusou o acordo no referendo de 2 de outubro, o que levou Juan Manuel Santos a convocar os líderes dos movimentos opositores para conseguir um consenso e resolver o processo de paz.