Protestos sobem de tom numa sexta-feira quente para o Brasil
18.03.2016 às 13h56

Manifestantes pró-Governo estarão separados por apenas um quarteirão dos que pedem o impeachment
RICARDO MORAES
Manifestantes pró-impeachment, que estavam acampados há 40 horas na Avenida Paulista, foram afastados pela Polícia Militar com bombas de gás. Os apoiantes do Governo planeiam um ato de apoio a Dilma no mesmo local
Duzentos e sessenta metros: esta é a distância que deverá separar, esta tarde, os manifestantes que apoiam o Governo de Dilma e os que pedem a demissão da atual presidente. A Avenida Paulista vai ser durante esta sexta-feira palco de dois protestos com objetivos contrários, embora a Polícia Militar esteja a tentar retirar os manifestantes pró-impeachment do local.
Os protestantes que querem Dilma fora do Governo estão a acampar na Avenida Paulista há cerca de 40 horas, desde que foi oficializada a nomeação de Lula da Silva como ministro da Casa Civil, entretanto suspensa pela Justiça da Brasília. Esta manhã, por volta das 8h50 locais (11h50 em Portugal), a Polícia Militar começou a desobstruir a rua, recorrendo a bombas de gás e um camião com canhão de água, relata a "Veja". Embora os carros tenham voltado a circular com normalidade, os manifestantes mantiveram-se no passeio, recusando deixar a Avenida até que Dilma se demita.
Os confrontos entre as tropas de choque e os manifestantes pró-impeachment surgem na sequência do anúncio de um evento de apoio ao Governo de Dilma que vai acontecer em várias cidades brasileiras, incluindo São Paulo, durante esta sexta-feira. Os apoiantes do Governo deverão manter-se em frente ao Museu de Arte de São Paulo a partir das 16h, ficando assim separados por apenas um quarteirão dos manifestantes que pedem a demissão da presidente, que se mantêm junto à Federação das Indústrias do Estado de São Paulo contra as ordens da Polícia Militar.
Até esta sexta-feira não tinha havido confrontos entre polícia e manifestantes pró-impeachment, sendo que o "Folha de São Paulo" chega esta sexta-feira a classificar a relação entre as duas partes como "amistosa". No entanto, tudo mudou após a Frente Brasil Popular, responsável pelo movimento de apoio a Dilma, ter acusado o governador de São Paulo Geraldo Alckmin de favorecer o lado contrário.
Na tarde desta quinta-feira, uma comissão encabeçada pelo presidente do Partido dos Trabalhadores (PT) de São Paulo, Emídio de Souza, reuniu com o secretário de Segurança Pública, Alexandre Soares, para pedir que a postura dedicada aos manifestantes dos dois lados seja igual.
"Os manifestantes da direita permanecerem na avenida Paulista é um escolha do governador Geraldo Alckmin. Ele assumirá todos os riscos. Nós não recuaremos", disse ao mesmo título Emídio de Souza. Em resposta, a Secretaria de Segurança já comunicou que o aparelho policial será igual para os dois protestos.
No Twitter, o PT já veio adiantar que Lula da Silva estará presente na manifestação de apoio ao Governo. A organização, que criou hashtags de apoio nas redes sociais como #Vemprademocracia ou #Nãovaitergolpe, prevê que 150 mil pessoas marquem presença.