Tragédia com avião russo: erro, falha, míssil ou bomba?
02.11.2015 às 20h16
EPA
Mais informações vão sendo divulgadas sobre a queda do avião russo este fim de semana no Egito, que matou todos os ocupantes. Há quatro hipóteses para a tragédia
Entre a dor e a angústia dos familiares dos passageiros do A321 da companhia russa Kogalymavia, que explodiu no sábado no ar quando sobrevoava a península do Sinai, permanecem muitas dúvidas que só a investigação poderá dissipar.
O processo de identificação dos 140 corpos recuperados já começou esta segunda-feira na Rússia, entretanto, prossegue a análise do conteúdo das caixas negras do aparelho.
O vice-presidente da companhia, Alexander Smirnov, indicou esta manhã que terá sido um fator externo que esteve na origem da explosão. “A única explicação razoável para o avião se ter desintegrado no ar é um impacto específico externo”, declarou o responsável, citado pela BBC, descartando uma falha técnica ou um erro humano.
No entanto, o avião não terá sido atingido do lado de fora por um projétil, disse à Reuters uma fonte ligada ao processo de análise das caixas negras. De acordo com a mesma fonte, não houve também qualquer pedido de socorro instantes antes da explosão do aparelho.
Apesar do autoproclamado Estado Islâmico (Daesh) ter reivindicado um ataque ao avião russo, a informação não foi confirmada por ninguém.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou que “nenhuma possibilidade pode ser para já afastada”. Por enquanto há quatro hipóteses para a tragédia:
Erro humano - A companhia aérea insiste que não há nenhuma razão para acreditar num erro humano, mas é uma hipótese. O comandante Valery Nemov, de 48 anos, tinha 12 mil horas de voo, das quais 3682 horas em aviões A321. Foi num centro de treino na Turquia que aprendeu a pilotar estes aparelhos, refere o “Guardian”.
Falha técnica - O aparelho era regularmente alvo de manutenção, seguindo os procedimentos de segurança. A última inspeção data de 2014, segundo a companhia, que afasta a possibilidade de uma falha técnica. No entanto, em entrevista à estação russa NTV, Natalya Trukhacheva, a mulher do co-piloto do avião,
afirmou que o marido tinha comentado que as condições do aparelho deixavam muito a desejar durante um telefonema com a sua filha antes do voo.
Míssil - O autoproclamado Estado Islâmico declarou no Twitter que levou a cabo um ataque ao avião russo, contudo os especialistas internacionais acham esse cenário pouco provável.
Cerca de 23 minutos depois de ter decolado, o aparelho a seguia em velocidade cruzeiro acima do alcance máximo dos mísseis que os jiadistas terão em sua posse.
Bomba - A acreditar-se que o avião russo foi alvo de um atentado, a hipótese mais apontada pelos peritos é a de um ataque à bomba suicida.
“As informações iniciais sugerem que o avião se partiu em duas partes, o que não parece uma falha mecânica, mas talvez uma explosão no ar. Se tivesse de fazer uma suposição, estaria muito mais propenso a pensar que a tragédia foi provocada por uma bomba em vez de um míssil lançado do chão”, disse à BBC Michael Clarke, diretor-geral do Royal United Services Institute.