Efeito May. Libra cai 1,5%, bolsa sobe 1% e juros descem
09.06.2017 às 22h42
Getty
Com o cenário de um segundo governo de Theresa May, agora minoritário, mas apoiado numa maioria parlamentar, o choque inicial da perda de maioria absoluta pelo Partido Conservador nas eleições de quinta-feira foi amortecido
A libra esterlina caiu 1,5% face ao euro desde o câmbio que registava antes de serem divulgadas as primeiras projeções sobre os resultados das eleições legislativas antecipadas no Reino Unido na quinta-feira.
No primeiro choque inicial, derivado da previsão de perda de maioria absoluta pelo Partido Conservador, a libra desceu face ao euro 1,7% em vinte minutos. Já no dia seguinte, no início da sessão da manhã na Europa, caiu para 1,129 euros, um mínimo desde setembro do ano passado. O câmbio fechou em 1,138 euros esta sexta-feira pelas 21 horas (hora de Portugal e do Reino Unido) quando foram conhecidos os resultados finais das eleições.
A depreciação da libra face ao euro e ao dólar gerou uma subida na bolsa de Londres. O índice global FTSE fechou esta sexta-feira a ganhar 0,86%. O FTSE 100 – das cem principais cotadas, multinacionais que são mais sensíveis às variações dos câmbios – avançou 1,04% e mesmo o FTSE 250 (das cotadas mais viradas para o mercado doméstico e que se situam entre as posições 101 e 350) fechou a ganhar 0,13%, depois de ter estado no vermelho durante a maior parte da sessão.
Segunda bolsa com maiores ganhos
A subida do FTSE 100 colocou Londres como a segunda bolsa registando ganhos mais elevados esta sexta-feira à escala mundial, segundo dados do World Market Index. A primeira foi a de Viena de Áustria e a terceira a de Lagos, na Nigéria. Os índices das três praças registaram ganhos acima de 1%.
No mercado da dívida soberana, os juros dos títulos britânicos a 10 anos, conhecidos por Gilts, recuaram quatro pontos base em relação ao fecho da semana passada. Fecharam em 1% e chegaram a estar abaixo desse nível durante a sessão desta sexta-feira.
Os resultados finais das eleições foram divulgados pouco depois das 21 horas (em Portugal e Reino Unido) desta sexta-feira, muito depois do fecho da bolsa londrina. O Partido Conservador que suporta o governo incumbente perdeu a maioria absoluta, mas Theresa May irá procurar formar novo governo na base de um acordo parlamentar com a quinta força política representada na Câmara dos Comuns, o Partido Democrático Unionista da Irlanda do Norte. No conjunto, o futuro governo minoritário de May poderá dispor de uma maioria absoluta de 328 lugares (318 dos Conservadores e 10 dos Unionistas). A maioria absoluta implica 326 votos, mas se os sete representantes do Sinn Féin mantiverem o boicote à sua participação no Parlamento britânico, aquela maioria desce para 322.
Na próxima quinta-feira reúne-se o comité de política monetária do Banco de Inglaterra liderado pelo governador Mark Carney.
May mantém ministro das Finanças
Entretanto, a agência de notação S&P adiantou na sexta-feira que o rating da dívida britânica, que está em AA (em nível de grau superior, dois níveis abaixo de triplo A, a notação mais elevada), não seria de imediato afetado.
O gabinete da chefe do governo informou que May não tenciona mudar diversas caras nos ministérios. O chanceler do Tesouro (ministro das Finanças) Philip Hammond manter-se-á em funções e o encarregado da negociação do Brexit, David Davis, também. Hammond tinha como um dos objetivos transformar o atual défice orçamental do Reino Unido - em 3% do PIB em 2016 - em excedente.